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Lisboa, Portugal
mais uma criança, mais uma sonhadora, mais um membro da nova geração, mas uma adolescente, mais uma filha.

quarta-feira

Era tarde e o meu telemóvel tocou: " estou a chegar, amor".
Chegaste. Aproximaste-te e foste cordial, como sempre. Beijaste-me as faces e sorriste-me com essa tua boca perfeita, dona de uns dentes tão límpidos que conseguem fazer nascer um sorriso tão contagiante.
Da mesma maneira que me convidaste a entrar na tua vida, ainda que só por um dia, convidaste-me a entrar na porta da tua casa. Sentaste-te e fiz-te companhia. Aconchegaste-me o dorso levemente e tentaste envolver os teus dedos nas ondas do meu cabelo. Afastei-me e pediste-me um abraço. Recusei-te tão nobre gesto, mas sorri-te como quem pedia mais e mais. Abraçaste-me e beijaste-me novamente a face, mil e uma vezes até chegares à minha boca. Olhaste-me profundamente nos olhos e encostaste os teus lábios aos meus, doce e levemente, calculando eu que já sabias como é que gosto de ser acarinhada. Sopraste-me ao ouvido lentamente também, e proferiste palavras doces, acompanhadas pelos teus lábios sabor a mel.
E depois o mundo foi nosso. O teu sofá branco foi apenas nosso. A melodia da televisão também foi nossa. Tu foste meu. Os teus olhos desejaram-me, mesmo fechados - consegui sentir na tua respiração ofegante.
Fizeste-me tua numa questão de minutos. Seduziste-me o corpo e conquistaste-me a alma por horas. Percorreste comigo cada canto do teu chão e embalaste-me no teu corpo como uma criança é embalada no berço pela sua mãe.
Voltaste a encostar a tua boca à minha, muito suave e delicadamente, como tu também gostas. E depois retornaste aos gestos que te dão prazer e que me seduzem completamente.
Estavas dominado por mim, e o meu corpo movia-se em função do teu. De vez em quando, ouvia palavras a quererem sair pela tua boca, mas lá ficaram presas pelos teus suspiros calados pela minha.
Cansaste-te, mas sempre com vontade de me amar mais uma vez, e perfeitamente. Sim, és perfeito quando estou contigo. Quando me dás gestos quentes, mesmo que por acaso. É isso que admiro muito em ti; sabes fazer-me mulher e sentir-me desejada quando estás comigo, mesmo que depois de voltar a passar pela tua porta, os teus gestos perfeitos fiquem guardados dentro da tua casa, em cima do teu sofá.
E o mais importante é isso mesmo ; saberes ser homem e amante enquanto estás na minha companhia e teres a grande capacidade de fechar o livro da história que escreveste com o meu corpo, depois de me despedir de ti e me prometeres uma próxima vez.