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Lisboa, Portugal
mais uma criança, mais uma sonhadora, mais um membro da nova geração, mas uma adolescente, mais uma filha.

quarta-feira

Juro-te que tento, que tento abstrair-me de ti e dos teus movimentos que já não dependem de mim, da saudade que me anda a roer o peito aos bocadinhos e da vontade, que me come os dias, de te gritar o quão desfeito anda o meu coração, por teres partido para outro barco.
Sim, ando desfeita, mesmo que quase ninguém note. Aprendi a conseguir disfarçar-me assim contigo, meu amor, que desde que puseste fim a este nada que já foi tudo, tens vindo a ser perito em esconder estados de alma entre palavras feridas.
E a minha alma está ainda pior do que aquilo que, por entre desabafos, deixo escapar. Ando a morrer com a saudade às costas, como se o tempo me comesse o coração aos pedaços sem os triturar. A tua presença faz-me mal e obriga-me a viver dias vazios que não são meus.
Não é isto que quero para mim, não é com estes sentimentos que quero morar na mesma casa e frequentar o mesmo jardim, nem é assim que quero morrer por dentro. Eu quero paz, estabilidade, harmonia e sossego. Quero dias sem ti no pensamento, noites contigo longe da lua e da janela do meu quarto e manhãs sem vestígios de lembranças tuas em cada estrofe da música que ouço, quando abandono a minha casa rumo a um dia fugaz que julgo ser excepção de todos os outros que já passaram. Mas não é, porque o teu nome faz-me cair vezes e vezes sem conta, o teu amor pela tua nova namorada mata-me a alma a pontapé e o facto de saber que a tua ida não tem volta dá cabo de mim.
Sei que o facto de saber que não voltas deveria curar todos os males que me provocas, mas não cura, e chego mesmo a pensar que só piora a doença que transmitiste à minha vida, a ausência.
E é essa doença que mata a harmonia e a paz que tento que chegue até mim, mas que roubas das flores que me deste, as que ainda guardo encarecidamente do meio do caderno onde te escrevo sempre que colocas o meu coração em cacos espalhados pelo chão.